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sábado, 5 de janeiro de 2013



desabafo:

em dezassete anos de vida nunca quiseste saber da minha existência, nunca quiseste saber como estava, nunca quiseste saber se precisava de roupa, de comida, de medicamentos. nunca perguntaste ou te interessaste se precisava de dinheiro para as consultas no hospital, para comprar os livros e o material para a escola. nunca te interessaste se eu tinha comida, ou alguma doença. soubeste sim, encher a boca perante as pessoas que conheces e que te conhecem ligeiramente, que tinhas uma filha, e se for preciso ainda te fazias de coitadinho ao pé delas a dizer que precisavas de dinheiro porque eu estava doente, quando era mentira, e o dinheiro era para teu uso. sempre o fizeste. sempre encheste a boca para dizer que sou tua filha. mas aonde é que entraste na minha vida? em que altura é que me viste a dar a primeira gargalhada? quando é que me viste a dar os primeiros passos? quando é que ouviste as minhas primeiras palavras? quando é que despendias do teu tempo para brincar comigo? quando é que estiveste presente nas minhas festas de anos? quando é que foste ás minhas reuniões, e festas da escola? quando é que me ajudaste nos trabalhos de casa? quando é que foste comigo ao hospital? onde é que estavas quando eu estava doente? simplesmente, gostava que se em dezassete anos nunca te lembraste de mim, que continuasse a ser assim, que eu não preciso de ti, nem dos teus papéis de vitima. sou tua filha só de nome. pai, é quem cria, não é quem faz. dou valor á minha mãe, e ao meu pai porque sempre me apoiaram em toda a minha vida, e nunca me voltaram as costas. o que lá vai lá vai, e a ti só tenho a dizer mais uma coisa: já vens tarde. 

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